quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DE VOLTA A TERRINHA



domingo, 1 de novembro de 2009

O SUBVERSIVO DE JOÃO PESSOA


Ele sempre seguiu todas as regras.Profissional dedicado,cumpridor de horários e, principalmente,confiável.Jornalista a vida inteira.Editor das matérias mais delicadas do jornal.
Podia até errar,mas cumpria sempre as orientações,mesmo que às vezes,discordasse delas.
Mas aí chegou a aposentadoria.Primeira rebeldia.Mas por que parar,tão novo....Vai se dar mal,vai querer voltar a trabalhar.Mas ele decidiu parar porquê sim,porquê queria outra vida.
O nordestino que veio para São Paulo em busca do sucesso profissional decidiu fazer o caminho de volta.Em João Pessoa o subversivo começou a aparecer....
Em primeiro lugar ,nada de trabalho.O trabalhador pontual deu lugar a um admirador da preguiça que como ele mesmo gosta de frisar ,deve ser aproveitada com vagar.Foi só a primeira rebeldia.
O jornalista controlado pelo horário abdicou do relógio que só reapareceu depois da insistência do filho.Telefone celular,nem pensar.Internet mantida à distância.No jornal antes lido com ansiedade agora as páginas mais importantes são aquelas que falam dos aposentados.
Ele se permite até pequenas contravenções.No lugar de alugar filmes de DVD na locadora não resiste as ofertas do pirata da esquina.Atividade regular só mesmo no jardim em frente do apartamento.Jardim ,que fique bem claro,não pertence ao jornalista aposentado.Terreno devoluto
está sendo ocupado pelos instintos sem terra do editor que tantas vezes montou matérias denunciando as invasões.Para marcar espaço ele está plantando coqueiros,diariamente regados.
A subversão faz bem melhor pra saúde que a subserviência.Os quilos extras foram embora,as taxas de colesterol caíram,mesmo comendo costelinhas de porco,lagosta, camarão e aquele vinhozinho,afinal ninguém é de ferro.
Ele não é um revolucionário.Não quer mudar toda sociedade até porquê está tudo bem,agora.
Ele apenas quer viver sem se preocupar em ser politicamente correto.Quer aproveitar pra fazer o que tem vontade.Quer curtir o sol de João Pessoa saudável.Ainda bem que deu tempo.

sábado, 10 de outubro de 2009

AQUELE ABRAÇO...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

UM PEDACINHO DO MURO...

O PEDREIRO QUE VIROU DONO DO MURO


Esta é a incrível história de Volker Pawlowski.Ele nasceu na antiga Alemanha Oriental,em Dresden.Era pedreiro quando o muro caiu.Era um empreendedor visionário.Passou a perna nos capitalistas so outro lado do muro e teve uma idéia.Fazer do muro um negócio.
Volker juntou todas economias.Louco,disseram os parentes.Quero a separação,gritou a mulher.
Mas Volker não desistiu.Com o dinheiro começou a comprar pedaços do muro.Na oficina o pedreiro quebrava o muro e revendia para os turistas.Hoje ele monopoliza o mercado de souvenirs do muro.
No galpão atolado de pedras que valem ouro vende desde o pó do muro a pedaços com dois metros de altura.Tem estoque de muro para mais 40 anos.
De pedreiro ,Volker virou o dono do muro de Berlin

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

UM DIA NA BÉLGICA,OUTRO NA SUÉCIA



Faz frio por aqui.....

MUNDÃO TÃO PEQUENINO


Jornalista parece que atrai notícia.Estou na Europa seguindo as pegadas do Lula.Mas as vezes a notícia aparece de repente,quando a gente menos espera.Senão vejamos....
Quarta à tarde,Estocolmo.Pego um taxi para o Aeroporto.O destino,Berlin.O motorista típica da Europa:quieto e com cara de alguém do Oriente Médio.A viagem é longa.Meia hora.Tudo segue normal.De repente o telefone dele toca.....
Nem reparo,mas ele muda de fisionomia.Fica contente,exultante.Repete estranha palavras num idioma que descubro depois,é persa.Ele se vira pra mim e me oferece um docinho,dessas balinhas arábes com pistache.Recuso,ele insite.Aceito.
Mais dois minutos e o telefone toca novamente.Ele começa a chorar.Me passa o celular.Do outro lado da linha uma mulher se identifica como filha do motorista.Ela diz que ele fez questão que falasse com ela para dividir a alegria.O iraniano chora de felicidade.Ainda estou confuso.
Ele me explica que saiu do Iran treze anos atrás.A filha está em Londres.Estuda economia.A felicidade é porque ele recebeu a notícia que trinta amigos dele,perseguidos políticos no Iran foram libertados pelo governo e vão poder deixar o país.A mulher do motorista estava há trinta dias em greve de fome para protestar.
É o dia mais feliz da vida ,diz o motorista.Brinco dizendo que ele deve tirar o dia livre.Na chegada ao aeroporto faz questão de me mostrar um cartaz com as fotos dos perseguidos políticos que ganharam a liberdade.
Se despede com um abraço apertado.Tinha dividido com um estranho brasileiro um dia tão especial.Sigo pra Berlin mas deixo uma parte dos meus pensamentos no banco daquele taxi sueco.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

AMPLA GERAL E IRRESTRITA


No próximo dia 28 a lei de Anistia completa trinta anos.Ampla, geral e irrestrita a lei trouxe de volta exilados,libertou presos políticos mas passou uma borracha nos crimes cometidos durante a ditadura por militares e guerrilheiros.O Brasil ,ao contrário da Argentina e Chile,nunca acertou as contas com o passado.Achei na internet esta carta escrita por um dos primeiros exilados a voltar.A carta é endereçada para o último exilado,Neguinho,que vivia na Suécia e trinta anos depois da Anistia ainda tinha medo de voltar.Neguinho,ex líder dos marinheiros, voltou ao Brasil em julho de 2009.

É muito legal.


"Depois de quase 40 anos vivendo na Suécia com identidade falsa, o ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, 75, o Neguinho, desembarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, no último dia 21. Em vez de agentes da Polícia Federal prontos para prendê-lo, encontrou um emissário enviado pelo Ministério da Justiça para lhe dar as boas-vindas. Neguinho foi o último exilado a voltar. Eu fui o primeiro, logo que o AI-5 acabou. Portanto, tenho 30 anos e meio a mais de experiência de Brasil do que o Neguinho, razão pela qual estou lhe encaminhando uma carta com algumas instruções básicas.


Companheiro Neguinho,

Em primeiro lugar, muita calma. Se você for convocado para um ato secreto em Brasília, não se apavore pensando que é uma sessão de porrada ou choque ou para ser pendurado no pau de arara, como nos velhos tempos. Ato secreto pode ser o meio pelo qual um senador, que pesquisou e descobriu ser teu parente, está tomando as providências para lhe arrumar um emprego de, por exemplo, “encarregado professor adjunto de Nós Náuticos e diretor das Embarcações do Senado no Lago Paranoá”, dada tua condição de marinheiro.

Outra palavra chave é “anistia”. Se algum advogado chegar falando baixinho que você tem de “pegar tua anistia”, não vá estranhar e responder, todo orgulhoso, que já está anistiado - embora isso seja tanto verdade que você está andando de um lado para o outro sem problemas. Não terá sido bem isso o que o doutor quis dizer. Essa expressão “pegar tua anistia” significa mesmo ganhar uma grana - e o doutor, claro, leva algum com isso. Tem jornalista que levantou 1 milhãozinho só porque, depois do golpe, perdeu um emprego que nem tinha nada a ver com o golpe.

Aliás, é pena que você tenha sido da Marinha, e não da Petrobras. Se você fosse da segunda, eu até iria sugerir que me convidasse para o churrasco em comemoração. Você nem imagina a grana que essa turma levantou. É bem mais preta do que o petróleo.

Mudou tudo, compadre.

Agora nós é que estamos por cima. Ou melhor, só alguns de nós, uma meia dúzia, se muito. Exagerando, talvez um pouco mais. O resto continua pastando, inclusive o povão. “Povão” é o que a gente chamava antigamente de “massa atrasada”. O presidente Lula é o primeiro da lista. Há uns 40 anos, era torneiro mecânico. Depois entrou no sindicato como sub do sub, foi subindo, subindo… e não quis mais saber de outra vida. Fala qualquer coisa, parece entender de tudo e todo mundo acha graça. É um talento.

Outro é o José Serra. Foi presidente da UNE quando você era vice-presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, agora governa São Paulo e, de repente, pode ser eleito para a vaga do Lula. Tanto o Serra quanto o Lula têm o apoio daquela turma que queria ver a gente enforcado. Mas, em vez do Serra, o Lula prefere a Dilma, outra ex-companheira. Essa você não conheceu, veio depois de nós, mas é esperta, menino, você precisa ver. Tem currículo para tudo. Precisa de guerrilheira? Ela tem. Torturada? Tem. Doutora? Também tem currículo. Nem sei como conseguiu fazer tanta coisa e mais ainda o serviço de casa.

Outros que foram da pesada e estão se dando bem são o Carlos Minc, que tem a chave da Amazônia, e o Franklin Martins, que tem a chave do cofre da mídia. Falando em cofre, toda essa turma “fez” o cofre do Adhemar. Esse item é parte importante do currículo. Pega bem porque, afinal, o Adhemar era tido como ladrão. E, pelo número de companheiros que “fizeram” o cofre dele, parece que aquilo nem foi assalto, mas um show da Madonna.

É, companheiro, as coisas mudaram.

Quer um conselho: dá uma de Gabeira, faça como ele, que também veio da Suécia, e escreva um livro do tipo “O Que É Isso, Companheiros?” -”companheiros”, assim mesmo, no plural-, sobre o que você está vendo de diferente, de estranho, e espere um pouco. De repente, você até se dá bem. No ano passado, Gabeira quase se elegeu prefeito do Rio de Janeiro e agora já o convidam para tentar o governo do Estado.

Enquanto nada disso acontecer, venha me visitar em São Sebastião, onde moro atualmente. Aqui tem peixe, pinga, porto e mulher bonita. Tudo de que a gente precisa. Tenho um barco velho com motor de caminhão que vivo reformando, mas dá para pegar umas garoupas e sororocas.
Vamos fazer umas pescarias. E falar mal do governo, porque eu estou onde sempre estive: na oposição. Você sabe, Neguinho, o lugar de um homem que se preza é na oposição.

Aquele abraço,

DAVID LERER"

terça-feira, 11 de agosto de 2009

LULA CONVOCA OBAMA


Estive no Equador nos últimos três dias.Fui cobrir a posse de Rafael Correa.Dá pra contar tudo que aconteceu de um jeito bem futebolistico,ao gosto do presidente Lula.Começando pelo fim....

O dia terminou com Correa,Raul Castro,Hugo Chaves e Manuel Zelaya,com seu indefectível chapéu,no estádio olímpico de Quito .Los Quatro amigos bolivarianos subiram no palco para cantar hinos revolucionários no ritmo da festa de Correa.Mas o melhor da festa foi antes,na reunião da Unasul,bloco de países sulamericanos.

Chaves partiu para o ataque como um centroavante protestando contra as bases americanas na Colômbia.Prometeu até guerra.Correa agiu como um bom ponta de lança,ora lançando,ora aproveitando as deixas de Chaves.

Uribe ,presidente da Colômbia,que não foi a reunião estava perdendo por WO.Foi quando Lula atacou de zagueiro,quase como um líbero,pegou a bola e deu um drible na turma da guerra.

Calma lá,disse Lula.Vamos conversar,nada de ataques radicais,vamos botar a bola no chão.O problema é o medo de que os americanos usem a base da Colômbia para atacar a Venezuela,então,vamos convocar o Obama pra conversar,arrematou,Lula, o técnico.

Os presidentes serenaram.Cristina Kirchner até ofereceu o campo para o jogo:Bariloche.

Depois na entrevista coletiva,antes de deixar o Equador,Lula falou na convocação de Obama,teve que responder perguntas difíceis sobre a maior esperança dele continuar mandando no jogo,Dilma Roussef e suas ligações perigosas com Sarney.

Bem humorado começou a entrevista num portunhol:Ok estoi pronto.

Terminou com uma confissão de quem convoca Obama:Pessoal o que me preocupa mesmo é a derrota do Timão.E lá foi Lula,pai da diplomacia canarinha.

sábado, 8 de agosto de 2009

BOLEIRO QUER CARINHO



Confiança.Esta a palavra chave num campeonato tão equilibrado como o Brasileirão.É o que fica claro na performance dos times.Quando eles embalam ganham três,quatro partidas seguidas.Tudo fica mais fácil.Para o artilheiro parece que o gol fica maior.É a tal confiança que impulsiona o Avai,o São Paulo,o Palmeiras.
O efeito inverso também é verdadeiro.A falta de confiança faz o time despencar ladeira abaixo.Começa a rotina de derrotas seguidas,o gol fica menor,quem disputava o G4 flertra com o rebaixamento.
Tudo resultado de um campeonato super equilibrado,repleto de um a zero,dois a um,três a dois.
Os boleiros costumam dizer que tem muito jogador que precisa de carinho.É verdade,são poucos os Julinhos capazes de fazer a alquimia de transformar vaias em aplausos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A GRIPE DO DISCURSO ÚNICO



A epidemia de gripe suína não está matando só pessoas.Está matando também o debate.O risco de uma tragédia fez com que todos envolvidos adotassem uma posição de prudência.Era como se contestar determinadas regras impostas pelas autoridades sanitárias significasse fazer o discurso do caos,do pânico.Isso começa a mudar.

A realidade da gripe.A realidade do atendimento.A realidade das mortes,muito além dos chamados grupos de risco.Tudo isso gera um sentimento de insatisfação entre infectologistas que estudam as gripes há muito tempo,muito antes da epidemia atual.Eles que apoiaram o governo até agora,questionam os protocolos de atendimento,as medidas do dia a dia e a falta de mais informações.Além disso dizem que não foram consultados sobre as medidas.

Há cobranças claras.Os infectologistas querem saber quantos casos graves de gripe estão sendo tratados.Os médicos questionam a centralização na distribuição do Tamiflu.Dizem também que o antiviral não está sendo oferecido nas primeiras 48 horas da doença,quando é eficiente.Pior ,dado depois como um paliativo,pode gerar resistência do virus. Reclamam que as autoridades demoraram para alertar as gestantes do risco.Os infectologistas já sabiam que diante de qualquer gripe o risco de pneumonia para gestante é 5 vezes maior.

Outra coisa que incomoda.O governo estaria sendo muito tímido em medidas para melhorar o atendimento.Falta treinamento,sobra responsabilidade.Residentes de um grande hospital de São Paulo chegaram a pensar em parar o atendimento assustados com a quantidade de pacientes e com a responsabilidade do diagnóstico.

Na guerra a verdade é sempre a primeira vítima.Nas epidemias não existe nada pior que a desconfiança.Isso sim gera pânico e caos e não a discussão de outros pontos de vista.Para os médicos que estão na linha de frente o maior risco que corremos é se começar a se espalhar na população a sensação de que está sendo enganada.