sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A GRIPE DO DISCURSO ÚNICO



A epidemia de gripe suína não está matando só pessoas.Está matando também o debate.O risco de uma tragédia fez com que todos envolvidos adotassem uma posição de prudência.Era como se contestar determinadas regras impostas pelas autoridades sanitárias significasse fazer o discurso do caos,do pânico.Isso começa a mudar.

A realidade da gripe.A realidade do atendimento.A realidade das mortes,muito além dos chamados grupos de risco.Tudo isso gera um sentimento de insatisfação entre infectologistas que estudam as gripes há muito tempo,muito antes da epidemia atual.Eles que apoiaram o governo até agora,questionam os protocolos de atendimento,as medidas do dia a dia e a falta de mais informações.Além disso dizem que não foram consultados sobre as medidas.

Há cobranças claras.Os infectologistas querem saber quantos casos graves de gripe estão sendo tratados.Os médicos questionam a centralização na distribuição do Tamiflu.Dizem também que o antiviral não está sendo oferecido nas primeiras 48 horas da doença,quando é eficiente.Pior ,dado depois como um paliativo,pode gerar resistência do virus. Reclamam que as autoridades demoraram para alertar as gestantes do risco.Os infectologistas já sabiam que diante de qualquer gripe o risco de pneumonia para gestante é 5 vezes maior.

Outra coisa que incomoda.O governo estaria sendo muito tímido em medidas para melhorar o atendimento.Falta treinamento,sobra responsabilidade.Residentes de um grande hospital de São Paulo chegaram a pensar em parar o atendimento assustados com a quantidade de pacientes e com a responsabilidade do diagnóstico.

Na guerra a verdade é sempre a primeira vítima.Nas epidemias não existe nada pior que a desconfiança.Isso sim gera pânico e caos e não a discussão de outros pontos de vista.Para os médicos que estão na linha de frente o maior risco que corremos é se começar a se espalhar na população a sensação de que está sendo enganada.

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