


No próximo dia 28 a lei de Anistia completa trinta anos.Ampla, geral e irrestrita a lei trouxe de volta exilados,libertou presos políticos mas passou uma borracha nos crimes cometidos durante a ditadura por militares e guerrilheiros.O Brasil ,ao contrário da Argentina e Chile,nunca acertou as contas com o passado.Achei na internet esta carta escrita por um dos primeiros exilados a voltar.A carta é endereçada para o último exilado,Neguinho,que vivia na Suécia e trinta anos depois da Anistia ainda tinha medo de voltar.Neguinho,ex líder dos marinheiros, voltou ao Brasil em julho de 2009.
É muito legal.
"Depois de quase 40 anos vivendo na Suécia com identidade falsa, o ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, 75, o Neguinho, desembarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, no último dia 21. Em vez de agentes da Polícia Federal prontos para prendê-lo, encontrou um emissário enviado pelo Ministério da Justiça para lhe dar as boas-vindas. Neguinho foi o último exilado a voltar. Eu fui o primeiro, logo que o AI-5 acabou. Portanto, tenho 30 anos e meio a mais de experiência de Brasil do que o Neguinho, razão pela qual estou lhe encaminhando uma carta com algumas instruções básicas.
A epidemia de gripe suína não está matando só pessoas.Está matando também o debate.O risco de uma tragédia fez com que todos envolvidos adotassem uma posição de prudência.Era como se contestar determinadas regras impostas pelas autoridades sanitárias significasse fazer o discurso do caos,do pânico.Isso começa a mudar.
A realidade da gripe.A realidade do atendimento.A realidade das mortes,muito além dos chamados grupos de risco.Tudo isso gera um sentimento de insatisfação entre infectologistas que estudam as gripes há muito tempo,muito antes da epidemia atual.Eles que apoiaram o governo até agora,questionam os protocolos de atendimento,as medidas do dia a dia e a falta de mais informações.Além disso dizem que não foram consultados sobre as medidas.
Há cobranças claras.Os infectologistas querem saber quantos casos graves de gripe estão sendo tratados.Os médicos questionam a centralização na distribuição do Tamiflu.Dizem também que o antiviral não está sendo oferecido nas primeiras 48 horas da doença,quando é eficiente.Pior ,dado depois como um paliativo,pode gerar resistência do virus. Reclamam que as autoridades demoraram para alertar as gestantes do risco.Os infectologistas já sabiam que diante de qualquer gripe o risco de pneumonia para gestante é 5 vezes maior.
Outra coisa que incomoda.O governo estaria sendo muito tímido em medidas para melhorar o atendimento.Falta treinamento,sobra responsabilidade.Residentes de um grande hospital de São Paulo chegaram a pensar em parar o atendimento assustados com a quantidade de pacientes e com a responsabilidade do diagnóstico.
Na guerra a verdade é sempre a primeira vítima.Nas epidemias não existe nada pior que a desconfiança.Isso sim gera pânico e caos e não a discussão de outros pontos de vista.Para os médicos que estão na linha de frente o maior risco que corremos é se começar a se espalhar na população a sensação de que está sendo enganada.